09/06/2014

Fanfic: Distance - Capítulo 1



The Time

Por Edward Cullen.

A campainha tocou tirando a concentração do contrato que eu lia.

Um sorriso bobo brotou em meus lábios.

Eles haviam chegado.

Meus filhos e ela haviam chegado.

Levantei-me da poltrona e sai de meu escritório, indo em direção a sala que estava completamente enfeitada para o Natal. As crianças adoravam a arvore cheia de bolinhas e enfeites coloridos, assim como as luzes dos pisca-pisca que eu acendia durante a noite sob a lareira.

Não demorou muito até que os dois pequenos furacões de minha vida, Marie e Anthony saíssem correndo pela casa, gritando por mim.

– Papai... Papai! – gritavam os dois ao mesmo tempo. Ambos apareceram no corredor jogando as pequenas mochilinhas no chão e correndo para os meus braços estendidos.

Eu amava os meus filhos, mais do que tudo na minha vida. Mas havia outra pessoa que eu também amava com a mesma intensidade, se não mais até.

A mãe deles.

Eles pularam em cima de mim, quase me derrubando no chão. Eu os segurei e abracei forte.

– Oi meus pequenos, finalmente vocês vieram – murmurei dando um beijo em cada um e sentando os dois no meu colo no sofá. – Demoraram por quê? – perguntei olhando para o corredor. Onde ela estava? – Cadê a mãe de vocês? – acrescentei.

– A mamãe disse que tinha muito trabalho a fazer, papai. Ela deixou a gente aqui e foi pra casa da vovó Renée de novo. – respondeu Anthony. Ele tinha apenas cinco anos, mas falava perfeitamente bem.

– A gente passou lá antes de vir pra cá, por isso demoramos papai. A vovó mandou um beijo pra você – acrescentou Marie.

– Hummm... Entendi – murmurei, tentando esconder a decepção e a dor que surgira em meu peito.

Então ela havia vindo aqui apenas para deixar as crianças comigo. Como sempre.

Não sei por que eu ainda tinha a esperança de que o clima Natalino amolecesse um pouco ela.

Hoje é sábado.

Quando nós nos separamos há um ano, combinamos que todo fim de semana as crianças dormiriam em minha casa.

Mas eu daria tudo, trocaria tudo para ter a mesma vida que tínhamos quando casamos. A mesma vida que tínhamos quando nossos filhos nasceram.

Isabella era a melhor esposa do mundo.

Eu saia cedo para trabalhar, para a matriz da minha empresa em Nova Iorque com beijos carinhosos dela. Voltava à noite e ela estava sempre a minha espera, pois já havia chegado do trabalho.

Ela sempre adorara cozinhar e todos os dias eu chegava em casa, com um buque de flores para ela e ela estava na cozinha, preparando algum prato especial. Eu chegava e a abraçava, entregando as flores que eu comprara especialmente minha amada esposa. Ela sorria e me beijava, isso quando não nos amávamos ali mesmo na cozinha durante horas e horas, sem nos importar com o resto do mundo.

Tínhamos uma casa gigantesca em Manhattan, com uma linda vista de frente pro mar e com tudo o que a palavra luxo e requinte poderia se aplicar – não que eu o ela ligássemos para isso, mas eu queria fazer de Isabella a minha rainha –, mas acima de tudo, tínhamos o casamento dos sonhos. Logo depois, ela ficou grávida e nossa felicidade não poderia ser maior.

Finalmente iríamos ter a família que tanto almejamos desde quando nos demos conta de que estávamos apaixonados um pelo outro e eu a pedi em casamento. Ela teve uma gravidez tranqüila e então, deu a luz á dois bebês. Nossos maiores tesouros.

Uma linda menina de olhos castanho e cabelinhos cor de bronze com cachinhos nas pontas e um lindo menino com os cabelos loiros e olhos azuis esverdeados. Marie puxara mais a mãe e Anthony, mais a mim.

Eles nasceram prematuros, mas após alguns dias na incubadora, estavam nos nossos braços recebendo alta. No inicio, eu até perguntei para Isabella se ela não queria que eu contratasse uma babá para ajudar a cuidar dos bebês, mas ela me deu um sorriso e disse que ela era mãe e que daria conta dos nossos filhos. E ela deu. Eles fizeram dois anos e tudo ainda estava perfeito. Mas tudo se transformou quando eles fizerem três anos.

Conforme eles foram crescendo, eles foram dominando por completo o tempo dela. Isabella e eu acabamos nos distanciando cada vez mais. Não conversávamos mais, não nos abraçávamos mais, não nos beijávamos nem nos tocávamos embora eu tentasse. Ela estava sempre cansada e parecia carregar uma estranha tristeza no olhar.

Isso me preocupava.

Eu saia para trabalhar e quando voltava tarde da noite, Isabella estava na cozinha, como no inicio de tudo. Porém, ela se transformara em uma mulher fria, mas ainda assim linda como sempre. Seus olhos castanhos pareciam mais dois chocolates derretidos, seus cabelos cor de mogno, caiam em uma graciosa cascata de ondas por suas costas, emoldurando as curvas perfeitas de seu corpo. Mesmo depois da gravidez, seu corpo não mudou. Ninguém que a visse, diria que ela tivera dois filhos de parto natural.

Ela continuava linda, porém fria e inviolável. Eu não tinha mais coragem de abraçá-la ou beijá-la quando chegava do serviço e mal tocávamos duas palavras durante o jantar. Nosso casamento, havia se transformado em areia e pó.

Diversas vezes eu tentara conversar com ela sobre o assunto, mas ela sempre dava um jeito de escapar alegando ter algum afazer doméstico. Cheguei a cogitar a possibilidade de contratar uma empregada para ajudá-la, mas ela ficou uma fera comigo.

Ela cuidava de tudo sozinha e não aceitava ninguém para ajudá-la. Uma noite, eu tive de ficar no escritório da empresa trabalhando até bem mais tarde, e quando eu cheguei em casa, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar as crianças, a ouvi chorando e conversando no telefone com sua melhor amiga – minha secretária –, Rosalie. Ela dizia que não agüentava mais e que aquilo a estava sufocando.

Não precisei raciocinar muito para saber que ela estava falando do nosso casamento. Isabella havia se arrependido de casar comigo. Ela não me amava mais.

Aquilo acabou comigo. Dei meia volta, fui para um barzinho e passei a noite bebendo e deixando-me esvair em lágrimas.

No dia seguinte, quando cheguei em casa pela manhã e olhei nos olhos dela, desejei que eu tivesse apenas sonhado com as palavras que ouvi ela dizer a Rosalie, mas estava bem estampado no rosto dela que era tudo real. Seus olhos inchados e vermelhos por causa do choro, não me deixavam negar a verdade. A dura realidade.

Isabella parecia querer se distanciar de tudo e de todos. As únicas pessoas que ainda tinham o amor, os sorrisos e o carinho dela, eram nossos filhos. E foi pensando neles, na maneira como eles ainda precisavam dela, não querendo roubar nenhuma migalha sequer de afeto que ela tinha para dar a eles e pensando na dor que vê-la tão fria comigo estava me causando, que a iniciativa de pedir o divórcio surgiu em mim.

Ela, como se já esperasse por isso aceitou na hora, dizendo apenas é melhor assim. Duas semanas depois, estávamos assinando os papéis e ajeitando como ficariam as crianças nisso tudo. Ninguém de nossa família entendeu o porquê de nossa separação, mas tiveram de aceitar.

Tudo foi pacífico e civilizado, não brigamos e não tínhamos interesses em bens um do outro, pois quando nos casamos foi por amor e não por dinheiro, afinal, ambos tínhamos uma vida financeira estável. Mas assinar aqueles papéis e deixá-la doeu mais em mim do que teria doido uma adaga em meu peito. Eu a amava tanto!

– Crianças têm bolo de cenoura com chocolate na cozinha. Quem vai querer? – a governanta da casa, Emily apareceu na porta da sala com um sorriso para os meus filhos. As crianças pularam do meu colo no chão e saíram correndo gritando “Oba, bolo de cenoura” em direção a cozinha.

Levantei do sofá e dei risada, assim como Emily.

– Isso é golpe baixo, Ly – murmurei acrescentando o apelido dela. – Você sabe exatamente como agradá-los.

– Sei que toda criança adora chocolate e seus pequenos pimpolhos não são diferentes, Edward. Mas teve um motivo para eu tirá-los daqui – murmurou para mim com um sorriso carinhoso.

Desde quando eu e Isabella nos separamos e eu viera morar nesta nova casa, Emily tem se tornado não só a governanta da minha casa, mas uma grande amiga.

Franzi a testa.

– O que você...? – comecei a perguntar, mas não terminei.

Ela ainda está ai – foi o que bastou.

Emily sabia tudo o que eu sentia pela mãe dos meus filhos.

Isabella ainda estava aqui.

Emily me deu um sorriso e saiu indo em direção a cozinha atrás de meus filhos.

Fui até a janela e abri um pouquinho a cortina. Não queria que ela me pegasse observando.

Sim, ela realmente estava ali.

Ela estava parada na porta do carro dela, falando no celular. Sua expressão parecia ser uma mistura de preocupação de ansiedade. Eu sabia disso, porque conhecia muito bem cada gesto, cada expressão dela.

Quando Isabella mordia os lábios, estava ansiosa. E quando semicerrava os olhos, estava preocupada.

Ela era linda. Seus cabelos estavam presos por uma trança, porém alguns fios caiam em volta de seu rosto. Ela vestia um sapato de salto preto e um vestido azul escuro até os joelhos.

Ela até parecia à garota encantadora que eu conheci num café depois de uma longa noite de estudos na época da faculdade.

Isabella era formada em Design de Interiores e eu em Economia. Depois da faculdade eu a pedi em casamento e meses mais tarde, nos casamos. Eu me tornei o CEO de uma das maiores empresas desenvolvedores de aplicativos Android do país e Bella, até engravidar, exercia sua função como Design de Interiores de uma das maiores construtoras de Manhattan. Mas quando ela fez cinco meses de gestação, ela resolveu largar o emprego e se dedicar em tempo integral a nossa casa.

Depois do nosso divórcio, ela voltou a exercer sua função e abriu sua própria construtora, que tem de tornado um grande sucesso no mercado. Fico muito feliz por ela.

Fiquei a observando por alguns minutos, enquanto algumas perguntas assolavam minha mente.

Onde eu havia errado? O porquê nosso casamento havia acabado? O porquê ela havia deixado de me amar? Será que eu havia deixado nossas vidas caírem na rotina? Será que o problema fui eu, será que em algum momento eu me dediquei demais ao trabalho e me esqueci de demonstrar o que quanto eu a amava? Será que eu não havia dado amor e carinho o suficiente para ela e deixado o que ela sentia por mim simplesmente, morrer? Será que eu havia deixado a chama da paixão apagar?

Eu não sabia. Não sabia dizer o que tinha dado errado. Não sabia dizer o porquê ela havia deixado de me amar.

Observei ela desligar o celular e com um suspiro entrou no carro.

E então ela partiu.

Deixando aquele gosto amargo do vazio e dar dor que assolaram naquele aperto em meu peito.

Por Bella Swan.

Deixei o carro com o manobrista e entrei no restaurante.

Dei meu nome a recepcionista e ela me guiou até a mesa onde meus amigos e funcionários me aguardavam.

– Finalmente você chegou patroinha! – brincou James quando eu me aproximei da mesa.

– Mil desculpas pelo atraso. Tive de passar na casa de minha mãe e deixar as crianças na casa do pai, antes de vir para cá – murmurei me sentando ao lado de Rosalie.

– E aproveitou e tirou uma lasquinha daquele seu ex-marido gostosão, Edward. Não é, mona? – brincou James, cruzando as pernas e jogando sua echarpe vinho para o lado no pescoço.

Emmett, Rosalie, Alice, Jasper começaram a dar risada da piada do meu amigo gay, James.

– Haha, muito engraçadinho você... Nem falei com Edward. Só deixei as crianças na porta da casa dele sob os cuidados de Emily – murmurei.

– Emily, quem é essa? – perguntou Alice.

– A governanta da casa dele. Ele precisa de alguém que cuide de tudo enquanto ele esta no trabalho e parece que é o que ela faz – respondi.

– Quantos anos essa Emily tem? – Jasper perguntou.

– Mais ou menos a minha idade, uns 28 anos.

– Ah mona, você é cega né? Onde já se viu uma governanta ter apenas 28 anos? – indagou James com aquele jeito escandaloso dele. – Para tudo, querida. Uma mulher de 28 anos, na mesma casa que um bofe maravilha como o seu ex-marido, com certeza não cuida apenas da casa e sim da um belo trato nele também. Solteiro, lindo, milionário e gostoso... Ui que pena que ele não joga no mesmo time que eu, se não eu cravava as minhas unhas nele! – James dera uma gargalhada e todos os meus amigos também.

Eu arqueei as sobrancelhas revirando os olhos.

Controle-se, pois vocês estão separados, murmurei mentalmente a mim mesma.

Era claro que eu não podia negar que James poderia ter razão. Mas eu nada podia fazer.

Edward era lindo e incrivelmente cavalheiro. Ele era aquele tipo de homem que abre a porta do carro e te presenteia com flores e bombons, apenas para te agradar. Um homem amável e carinhoso. O homem perfeito, o sonho de toda mulher.

Ele estava livre e desimpedido para ficar com qualquer mulher, ou até mesmo – que Deus me livre disso, pois não iria suportar –, casar-se novamente.

– Olha, vou ser obrigada a concordar com o florzinha ai, Bella – Emmett murmurou e James jogou um beijo para ele. Emmett revirou os olhos.

– Eu discordo – Rosalie murmurou e olhou diretamente. – Eu sou a secretária do Edward, melhor amiga e madrinha de casamento da Bella. E de brinde tenho acesso completo a vida dele. Edward não tem outra mulher, ele ainda ama a Bella.

Todos olharam para mim e eu não sabia o que responder.

Falar sobre Edward era muito difícil para mim. Ninguém entendia o porquê do nosso divórcio.

Ele se cansou de mim e decidiu se separar. Fez exatamente o que eu esperava que acontecesse com o passar do tempo. Eu tive de mudar para esconder dele um fato que mudou tudo. Tive de fingir que não o amava, porque não suportaria olhar nos olhos dele, sem ter de revelar o segredo que eu guardava.

Mas eu o amava. Amava mais do que tudo.

Doeu assinar os papéis do divórcio. Doeu mais do que doeria uma adaga em meu peito, ter de deixá-lo. Mas era necessário, pois cedo ou tarde eu teria de revelar a verdade a ele e então ele me odiaria pelo resto da vida.

Quando ainda éramos casados, eu acordava de madrugada e ficava o observando dormir em silêncio. Quando não resistia até acariciava seu rosto e seus cabelos que sempre estavam bagunçados. Eu amava tanto Edward que chegava a doer. Diversas vezes eu não conseguia agüentar o aperto em meu peito e as lágrimas transbordavam de meus olhos. Eu sentia muita falta dele. Sentia falta do amor, do carinho, do beijo, do abraço dele todos os dias e noites. Mas eu tive de abrir mão de tudo aquilo, porque se ele descobrisse o segredo que eu guardava nunca me perdoaria.

Rosalie era a única pessoa na face da terra que sabia a verdade. Sabia o porquê eu mudara para afastar Edward de mim e não concordava com o que eu havia feito, porém guardava o meu segredo.

Eu engoli em seco a dor que aquelas lembranças me traziam e fui pulso firme.

– Ok, vocês estão passando dos limites – murmurei. – Nós vamos falar da vida do meu ex-marido e da minha própria vida ou do nosso próximo trabalho?

E então começamos uma cansativa reunião a respeito de um contrato que havíamos fechado há dois dias. Seria uma construção longa, Jasper o meu arquiteto cuidaria do projeto principal. Emmett, da parte administrativa, ou seja, da parte de valores disponíveis da construção. Eu e Alice da decoração. James do jogo de Marketing. Rosalie estava ali apenas para acompanhar seu noivo Emmett e porque era minha melhor amiga.

Já havia anoitecido e finalmente havíamos acertado todos os detalhes para começar a construção em Janeiro. Esse empreendimento seria uma excelente chance de conseguirmos notoriedade e fama no mercado. Tínhamos de dar o melhor de nós.

O restaurante já estava para fechar e ainda estávamos conversando a bebendo um bom vinho.

– Então, quais são seus planos para o Natal, James? – Alice perguntou.

– Assistir á um bom filme e comer pipoca ao lado de um rapagão bem gostoso – James brincou dando uma gargalhada.

– Mas é Natal, não deveria estar com sua família? – Rosalie indagou.

– Loirinha linda do meu coração, eu sou gay e um verdadeiro renegado pela minha família. Se eu aparecesse no Natal na casa dos meus país em Phoenix, seria chutado de lá que nem um cachorro – James murmurou, fazendo piada da situação como sempre.

– Que horror! – Jasper murmurou indignado.

Ouvindo tudo aquilo, tive uma idéia.

– Bom, minha mãe adora a casa cheia no Natal. Meus primos, meus tios e alguns amigos vão estar lá para a ceia na noite do dia 24 – murmurei para eles. – Alice, eu sei que nem você nem Jasper têm família aqui em Nova Iorque. Rosalie já vai com Emmett passar o Natal com a minha família e James, você também é sozinho. Porque não passamos todos juntos o natal? – propus, fazendo um convite.

Alice e Jasper deram um sorriso e aceitaram o convite.

James ficou até com lágrimas nos olhos.

– Mona, sério que você esta me convidando para passar o natal com você?

– Sim, James – sorri. – Estou. E aí, topa?

– Ai, diva... Você é top! – ele me deu um abraço.

A noite terminou com mais sorrisos e mais vinho.

Emmett, que fora o único que não bebeu, dirigiu meu carro e levou todos nós para casa. Graças a Deus, Emmett e eu éramos praticamente vizinhos!

Ele deixou o carro na garagem do edifício onde eu morava e depois foi para seu próprio apartamento num prédio próximo ao meu.

Ao chegar em casa, deitei-me no sofá e fechei os olhos.

A casa estava vazia. Sem meus filhos por perto e principalmente, sem Edward tudo perdia a brilho da vida. Eu sentia muito a falta dele. Sentia falta de cozinhar pra ele, de beijá-lo na porta de casa antes dele ir trabalhar todas as manhãs, sentia falta de abraçá-lo quando ele chegava do serviço. Sentia falta do meu marido, sentia falta de ser sua esposa e fazê-lo sorrir e feliz.

Mas eu prefiro a dor de conviver apenas com as lembranças e com sua ausência em minha vida, do que conviver com a dor e ver o ódio em seu olhar por mim.

Pensando nisso acabei adormecendo.

No dia seguinte, acordei morrendo de dor no corpo por ter dormido toda torta no sofá. Tomei café e comecei a arrumar a casa.

Era domingo.

Não tinha de trabalhar e não tinha absolutamente nada pra fazer, a não ser ter de ir buscar meus filhos à noite na casa de Edward.

Foi então que eu me surpreendi ao receber a visita de Rosalie a tarde.

– Oi, o que faz aqui essa hora? – perguntei abrindo a porta para que ela entrasse. – Pensei que estivesse com Emmett hoje.

– Pois é, eu ia ficar com ele. Mas Jasper pegou uma multa no carro e Emmett foi tentar ajudá-lo a tirar, parece que ele tem um amigo despachante – explicou se sentando no sofá da minha sala.

Sentei-me ao lado dela.

– Então, o que te traz aqui? – perguntei. – Não costuma vir sem avisar.

– Vim aqui para falar com você sobre ontem – Rosalie foi direta e reta.

Ela nunca enrolava quando queria dizer alguma coisa. Ela era sempre autentica, verdadeira e franca. Isso era uma das coisas que eu mais admirava nela.

– Se você vai falar sobre Edward...

– Sim, vou falar sobre ele porque sou sua melhor amiga – retrucou. – Estou cansada de toda sexta feira ouvir o Edward me perguntar sobre você, perguntar se você esta bem e feliz.

Isso me pegou desprevenida.

– Ele faz isso? – perguntei. Eu não sabia disso.

– Faz. Pra falar a verdade não é apenas na sexta feira, é quase todo dia – respondeu. – Ontem eu vi a mesma tristeza no seu olhar, que eu vejo no dele. Esta mais do que claro que vocês se amam. Meu Deus, vocês têm dois filhos. Duas crianças adoráveis que tenho certeza que seriam muito mais felizes se tivessem os pais juntos novamente.

– Sabe o porquê eu não posso ficar com Edward, Rosalie – murmurei.

– Aquilo que aconteceu, não é motivo Bella. Você não sabia de nada, foi um acidente. Uma fatalidade da vida – murmurou.

– Rosalie eu tirei uma vida... Eu abortei um bebê. Um filho dele, um filho nosso! Ele nem soube que eu estava grávida novamente, eu simplesmente perdi nosso filho! Eu não consigo mais olhar nos olhos dele, sem me sentir culpada – falei desesperada, enterrando o rosto entre as mãos.

Doía demais lembrar daquilo.

– Bella, você caiu da escada. Por isso perdeu a criança, você não teve culpa. Não sei por que você enfiou na cabeça que ele te odiaria por você ter pedido a criança – Rosalie murmurou.

– Ele me odiaria, porque a culpa foi minha Rose. Ele pediu para que eu esperasse ele chegar em casa, para trocar as lâmpadas da casa que ficavam muito alto, mas eu resolvi trocar por conta própria e cai da escada... Eu podia ter morrido da maneira que eu cai. Podia ter deixado ele viúvo e nosso filhos órfãos de mãe. A minha sorte foi que eu quebrei apenas o pulso e desmaiei com a queda. Quando ele chegou, eu estava caída no chão e desacordada, Edward correu comigo para o hospital e eu implorei pro médico não dizer que eu havia perdido o bebê.

– Bella, Edward seria muito mais feliz se você tivesse dito a ele que ficou grávida e que perdeu o bebê naquele acidente.

– Ele não vai me perdoar – murmurei com lágrimas escorrendo por meus olhos.

– Edward não vai te perdoar se você não contar a ele a verdade e ele descobrir por outra pessoa – ela murmurou.

– Você é a única pessoa que sabia que eu estava grávida, Rosalie – disse á ela.

– Será? Eu já peguei alguns comentários no ar e às vezes acho que sua mãe também sabe de algo.

– Minha mãe desconfia, mas eu nunca disse nada a ela – expliquei.

– Olha Bella, o Natal esta chegando e já faz um ano desde o divórcio de vocês. O tempo passou, mas vocês dois ainda se amam e uma história tão linda como a de vocês não pode acabar por causa de um motivo bobo como esse. Diga a verdade pro homem da sua vida, liberte-se desse segredo e seja feliz Bella. Porque se você não fizer isso, é bem capaz de perder o Edward para sempre.

Levantei o rosto e limpei as lágrimas olhando fixamente para ela.

– Sabe de alguma coisa que eu não sei? – perguntei.

– Não tenho certeza, mas há rumores na empresa que a gerente do RH esta de quatro por causa do Edward – falou.

– Como ela é? – perguntei sentindo o ciúmes corroer as veias do meu coração dolorido.

– Loira dos olhos azuis. Ela é linda! – disse. – Mas não tão linda quanto você Bella. Ela não tem o jeito doce e a humildade que você tem. Pra falar a verdade, Tanya Denali é uma vadia interesseira! Você é linda tanto por fora quanto por dentro. Já ela, só tem beleza física, mas tenha certeza de que você é dez vezes mais bonita do que ela.

– Bom, se Edward se interessar por ela, espero que eles sejam felizes – murmurei encostando a cabeça no encosto do sofá.

Rosalie ficou boquiaberta.

– Vai entregar o homem da sua vida, o pai dos seus filhos de mão beijada para uma vagabunda qualquer, Bella? – perguntou.

– Ele merece ser feliz – falei.

– Bella, Bella... Você realmente é um caso perdido! – Rosalie exclamou.

Nós conversamos sobre alguns outros assuntos, inclusive sobre o cardápio para o Natal. Emmett era meu primo e Rosalie, logo entraria para a família e queria causar uma boa impressão. Eu sugeri a ela que fizesse uma sobremesa para levar para a ceia de Natal. No final, decidimos que ela levaria um Manjar dos Deuses – um doce feito de leite de coco regado a ameixas em calda –, que era sobremesa favorita de Emmett. E eu faria um pavê com biscoitos de champagne e pêssego. Isso fez com que eu me lembrasse de Edward. Era a sobremesa favorita dele.

Rosalie foi embora e eu fui arrumar algumas coisas na cozinha. Quando olhei no relógio, vi que ainda tinha tempo de sobra até ter de ir buscar as crianças na casa do pai, então resolvi ir tomar um banho.

Deixei que a água quente do chuveiro escorresse por meu corpo, aliviando toda a tensão e a dor no corpo provocada por uma noite mal dormida, enquanto pensava no que Rosalie havia me dito.

Eu tinha de admitir que ela tenha razão. O tempo iria passar. Edward ainda é um homem jovem e lindo. Ele tem apenas 32 anos e nem preciso dizer que na cama é um terror.

A qualquer momento, ele irá encontrar uma mulher que chame sua atenção e tentar reconstruir sua vida. E então ele irá me esquecer. Para sempre.

Eu serei apenas sua ex-mulher e mãe de seus filhos. Não significarei nada mais para ele.

A escolha estava em minhas mãos.

Eu o deixaria partir definitivamente da minha vida?

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